Xilogravura é uma dos segmentos culturais mais antigos da humanidade e consiste na impressão em madeira
A xilogravura se caracteriza por um dos métodos de impressão mais antigos. Essa técnica se baseia no corte de uma figura em superfície de madeira que, em seguida, é coberta de tinta e, assim, impressa em outro local, como um tecido ou papel.
A história da xilogravura é antiga, já que os seus primeiros registros datam do século V e aconteceram na China. Logo, a técnica se expandiu para o Japão, sendo que, em seu início, o método era usado para imprimir textos como escrituras budistas.
Na Europa, a história da xilogravura se confunde com a da comercialização do papel, no século XIV, e aconteceu, primeiramente, na Alemanha e na França.
Como uma bela resposta ao crescimento dos livros, as xilogravuras funcionavam de forma simultânea como um meio popular de ilustrações. Assim, muitos artistas utilizavam essa técnica para produzir cenas de paisagens, da Bíblia e de obras famosas. Logo, o método despontou como uma forma de tornar as peças de arte mais acessíveis.
Em seguida, a arte da xilogravura entrou em declínio. Isso porque métodos de impressão mais sofisticados foram desenvolvidos. Sendo assim, muitos artistas preferiram utilizar placas de metal para imprimir em vez da madeira. No entanto, vale destacar que a técnica não desapareceu, pois muitos ainda utilizavam a xilogravura para reproduzir cartazes e folhetos.
No Japão, em 1700, as xilogravuras eram utilizadas com o objetivo de elaborar imagens refinadas, em um estilo de arte conhecido como ukiyo-e. Por meio desse movimento, cenas do cotidiano e de paisagens eram registradas com o intuito de mostrar a brevidade da vida. Assim, com o decorrer do tempo e da história, a xilogravura encontrou adeptos diversos de épocas distintas.
Na Europa, a técnica ressurgiu no fim do século XIX e início do século XX, quando artistas como Paul Gauguin e Edvard Munch, passaram a utilizar esse método com o objetivo de levar inovação às suas obras.
A xilogravura não marcou apenas a Europa e a Ásia. A técnica também foi o meio utilizado na propagação da literatura de Cordel.
No Brasil, a técnica chegou com a vinda da Família Real para o Rio de Janeiro em 1808. Assim, os trabalhos dos xilogravadores da época se concentravam na produção de ilustrações para anúncios, livros e, até mesmo, cartas de baralho.
O primeiro folheto de xilogravura de cordel que se tem notícia foi produzido por Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Logo, com muita criatividade e originalidade, as xilogravuras marcaram o cordel, uma prova disso é que o método é conhecido e famoso até hoje no Nordeste. Ou seja, é um marco cultural de nosso país.
Entre os xilógrafos mais importantes — a maioria do nordeste — presentes no acervo da Galeria Brasiliana estão: Abraão Batista, José Costa Leite, J. Borges, Amaro Francisco, José Lourenço e Gilvan Samico.
Xilogravura em passo a passo
A arte da xilogravura é realizada em três etapas. Trata-se de um processo bastante minucioso, que requer atenção, habilidade e alto detalhamento.
Confira abaixo um passo a passo para praticar a xilogravura:
Utilizando a madeira, o artista esculpe uma figura com instrumentos com lâminas afiadas, chamados de goivas. Com elas, os materiais de áreas que não passarão pelo processo de impressão são removidos. Nessa etapa é preciso ter muito cuidado ao cortar as linhas, pois a madeira pode quebrar e a imagem pode ser danificada. Qualquer erro, o artista terá que retornar ao início do processo;
Assim, cobre-se com tinta o bloco de madeira entalhada já criado. Isso é feito por meio de pequenos rolos. Logo, é preciso muita delicadeza para aplicar a tinta somente nos espaços que não forem cortados;
Nessa fase, o bloco com tinta é pressionado na superfície desejada e, assim, a impressão da imagem é realizada.
Reportagem da REFERÊNCIA INDUSTRIAL, edição 242.